O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, irá desenvolver um projecto florestal, que pretende ser modular e estruturante na zona florestal do concelho do Funchal. O Montado da Esperança ocupado por acácia, eucalipto e mato será objecto de reconversão e florestação com espécies florestais que acrescentam valor e reduzem significativamente o risco de incêndio.
Numa área com aproximadamente 25 hectares, o governo quer demonstrar aos proprietários que possuem os seus terrenos florestais abandonados, que “é possível reverter a ausência de gestão florestal, criando um coberto de espécies folhosas com maior resistência ao fogo e com menos probabilidade de arderem, tal como indica o Plano Regional de Ordenamento Florestal”, afirma uma nota do Executivo Regional.
“Para além de poderem retirar, a médio prazo, dividendos desta intervenção, os proprietários estarão a contribuir para o enriquecimento paisagístico da cidade do Funchal”, acrescenta a mesma fonte.
A Secretaria do Ambiente, através do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, estará disponível para fornecer aconselhamento técnico aos proprietários interessados na reconversão, assim como na candidatura a fundos europeus disponíveis para o efeito.
Este projecto será levado a cabo na freguesia de São Roque, na zona da Esperança, na única área sob gestão do Governo Regional, no concelho do Funchal, que ainda possui este tipo de coberto florestal a recuperar.
Espécies invasoras
A zona a ser intervencionada possui espécies invasoras (acácias) e outras de pouco interesse florestal, como os eucaliptos, além de muito mato que arde facilmente.
O Montado da Esperança é uma área florestal que se encontrava abandonada, tendo o governo regional adquirido os terrenos e reconvertido toda a parte Norte, integrando os mais de 700 hectares florestados nas freguesias de São Roque e Santo António.
Com este projecto, a área no Montado da Esperança ocupada por acácia, eucalipto e mato será objecto de reconversão e florestação com espécies florestais que acrescentam valor e reduzem significativamente o risco de incêndio. Pretende a Secretaria do Ambiente plantar espécies folhosas, essencialmente indígenas, que devido ao grau de água retido pelas folhas, e à ausência de substâncias resinosas no seu lenho, possuem maior resistência ao fogo.
Leque variado de espécies
Por outro lado, a introdução de um leque variado de espécies, como serão o barbuzano, o loureiro, o til, o vinhático ou mesmo os castanheiros e nogueiras, “permitirão ao nível do solo a constituição de um sistema radicular diferenciado, estratificado e profundo, que confere muito maior protecção em caso de fenómenos extremos de precipitação, quando comparado com um coberto único de acácias (ou mesmo de outras espécies invasoras) cujo sistema radicular, homogéneo e superficial, tem como consequência o arrastamento em massa em casos extremos de precipitação”, adianta a mesma fonte.
Embora esteja em estudo uma alteração à legislação em vigor que estabelece o regime de protecção dos recursos naturais e florestais, o Governo Regional relembra que árvores com idade igual ou inferior a cinco anos, e ainda os arbustos que tenham crescido espontaneamente, com idade igual ou inferior a sete anos (desde que tal prática não prejudique a conservação do solo e não seja para venda) podem ser cortados sem qualquer tipo de autorização ou licenciamento.
Fonte: Agricultura e Mar