Ninguém consegue ficar indiferente ao conjunto de medidas apresentadas pelo atual governo nos últimos dias.
Enquanto Associação que representa sobretudo pequenas e microempresas, a ANEFA – Associação Nacional das Empresas Florestais Agrícolas e doAmbiente não pode deixar de sublinhar o desconhecimento e a falta de sensibilidade dos nossos governantes na escolha das medidas e sobretudo do timing para as aplicar.
Associar a descida da TSU, já amplamente anunciada, à subida do valor da prestação dos trabalhadores à Segurança Social, revela ou insensibilidade ou desconhecimento do tecido empresarial nacional.
O tecido empresarial português, constituído na sua maioria por pequenas e microempresas, irá enfrentar, sem ter contribuído para isso, um dos maiores problemas dos últimos anos, que terá certamente reflexos ao nível da produtividade das empresas, tão necessária num momento como este. E esse problema consiste no confronto entre entidade patronal e colaboradores.
O colaborador, especialmente nas pequenas e microempresas, preocupa-se essencialmente com o valor líquido que irá receber no final do mês e, chegada a altura, ao receber menos, vai exigir à entidade patronal a reposição desse valor, sob pena de se despedir.
Acreditamos que numa grande empresa, esta questão possa não constituir qualquer problema pois haverá sempre quem o substitua, mas numa pequena ou microempresa essa não será certamente a realidade.
Em primeiro lugar porque, dado o pequeno numero de trabalhadores, a ausência de um colaborador faz a diferença, em segundo lugar porque, embora existam hoje muitos desempregados, a substituição de um trabalha dor exige formação e tempo, que a empresa, face a crise actual e à sua dimensão, não pode despender.
Como se isso não bastasse, continua a apostar-se unicamente na vertente exportadora, canalizando todos os apoios para isso, sem que haja a preocupação de analisar qual o impacto do lucro adquirido por essas empresas junto das empresas suas fornecedoras, e que só trabalham o mercado nacional. Seria interessante ver o que aconteceria ao nosso país se, as empresas que operam apenas no mercado nacional, por falta de dimensão e capacidade financeira, decidissem parar uma semana de laborar. Talvez assim lhes fosse reconhecido o devido mérito.
Ou será que o conselho dos nossos governantes, depois de exportar recém-licenciados, é de exportar pequenas e microempresas?