Ninguém pode ignorar os cenários dantescos com que nos temos deparado
nos últimos dias. A floresta, ou o que dela resta, voltou a abrir noticiários e tem feito as primeiras páginas dos principais jornais nacionais, mas infelizmente pelas piores razões. Os incêndios têm consumido milhares de hectares de espaços florestais, destruíram já inúmeras habitações, e levaram a vida a cinco bombeiros que tudo fizeram paracombater este “mar de chamas”. E infelizmente, para a maioria dos portugueses, a floresta é isto… incêndios e destruição.
São incidentes como estes que cada vez mais de sacreditam o potencial da nossa floresta. Quem no seu perfeito juízo, e após ver as imagens com que somos “bombardeados” todos os dias, vais querer investir em floresta?
Mas importa referir que esta mesma floresta é sinónimo de preservação do ambiente, de economia nacional e de desenvolvimento rural!
Esta mesma floresta representa o maior recurso natural renovável, representa 12% das exportações e 3% do PIB, e emprega 260.000 pessoas.
Naturalmente esta “importância” não é suficiente para ser capa de jornal… e assim que as primeiras chuvas caírem, a floresta volta a cair no esquecimento.
Quando vamos então dar o devido valor à floresta?
Com um cenário severo de alterações climáticas, pouco resta fazer em relação às condições meteorológicas que se anunciam. Não podemosesperar por um Verão menos quente, ou um Inverno menos húmido e propício ao desenvolvimento de vegetação, é preciso investir na floresta, na sua manutenção e preservação! Portugal é até o único país europeu que desenvolveu um Fundo de apoio à floresta. Aquando dos incêndios de 2003, onde se perdeu quase meio milhão de hectares de floresta, foi criado o Fundo Florestal Permanente (FFP), gerado através de um imposto aplicado aos combustíveis e pago por todos os contribuintes.
Este fundo, que visava relançar o investimento no sector, gera anualmente entre 20 a 30 milhões de euros, que deveria ajudar a ultrapassar alguns destes constrangimentos, no entanto, dez anos e cerca de 250 milhões de euros volvidos, o FFP contribuiu ZERO% para a sustentabilidade da floresta nacional! Contas feitas, estes cerca de 250 milhões de euros, dariam para arborizar mais de 170 mil hectares ou para limpar cerca de 350 mil, ajudariam na criação de mais de 17 mil postos de trabalho permanentes, e ao nível de receitas do Estado, representaria cerca de 62 milhões de euros de contribuição para a Segurança Social.
Acima de tudo, estes 250 milhões de euros, que são por direito da nossa floresta, ao serem investidos em silvicultura preventiva, evitariam grande parte dos incêndios e a perda de muitas vidas… Certamente valerá o esforço!
Vamos olhar para a floresta nacional com a importância que ela merece, e se o melhor momento para o fazer era há 20 anos atrás… o derradeiro será AGORA!